12 de ago. de 2010

Diário de Viagem - Londres (sem fotos)

A aventura acabou. A França, agora, é só memória e fotos - muitas fotos. Desembarquei em Londres com certa ansiedade para começar o curso, preocupado se daria conta, se conseguiria acompanhar os palestrantes, encarar as aulas práticas... Uma noite mal dormida...

Mas antes, dá um certo alívio chegar à estação de St Pancras. A Gare du Nord, definitivamente, vai ser uma das duas ou três lembranças desagradáveis de minha passagem por Paris. O check-in foi quase tranquilo, mas há poucas indicações sobre em qual plataforma será o embarque (tive que perguntar a um funcionário, que me informou o número errado - por sorte era a linha do lado e não precisei mudar). Na hora de embarcar, fico procurando no chão a indicação dos vagões (que a estação de St Pancras tem BEM GRANDE na plataforma em frente a cada porta de cada vagão). Nada. Os vagões do trem não são numerados. É preciso contar os vagões, mas até isso é incerto, porque não dá para saber a partir de qual extremidade deve ser feita a contagem). Apelo para um funcionário da estação, depois de ter entrado em um vagão errado. Mesmo com a indicação dele, fiquei ressabiado. Afinal, se o imbecil que trabalha no balcão de informação da área de embarque e é o único que tem um terminal de computador com as partidas consegue dar um indicação errada, por que seria diferente com o carinha da plataforma? Para meu alívio, depois que o trem partiu e ninguém reclamou meu lugar, vi que ele havia dado a informação certa.

Últimas considerações sobre o Eurostar: se eu morasse em Londres, me programaria para passar pelo menos um final de semana a cada dois meses em Paris (ou vice-versa). Rápido, limpo, eficiente, nem se sente que aquilo é um trem correndo a uma velocidade absurda para uma máquina de seu tamanho. Embora seu visual seja retrô por dentro, os bancos são espaçosos. Não reclinam, mas ainda assim são confortáveis. A mesinha é espaçosa - cabe até aqueles notebooks de gente que tem síndrome de pau pequeno (compra um note de 10 Kg e tela de 20 polegadas para ficar se exibindo). Se não fosse a Gare du Nord, seria perfeito. Em tempo: a estação em Paris é grande, por fora é até bonita, mas os franceses não souberam transformá-la em algo eficiente e bonito por dentro.

Já St Pancras... é um primor. Um saguão gigantesco, iluminado por luz natural (o teto é transparente), muitos restaurantes e cafés com boa comida, lojas, perfeitamente integrada ao metrô e à estação de King`s Cross, de trens que vão para algumas regiões da Inglaterra. Dá gosto.

Como cheguei cedo, fiz uma horinha na estação. Depois comi no Pret-a-Manger, uma cadeia de lojas de comida que tem um conceito interessante (e amplamente multiplicado por congêneres em Londres - até a tradicional Marks & Spencer adotou o sistema): comidas de ótima qualidade, normalmente sanduíches muito bem feitos, com ingredientes frescos e preparados no mesmo dia, bebidas (sucos, refrigerantes etc) além de outras coisas prontas, além de uma pequena padaria que assa croissants, pães de chocolate e outras coisas bem gostosas. Pode-se comer no local ou, o que é mais comum, "take away" (levar para "a viagem"). Simples, prático e gostoso. E também tem café - bem mais gostoso do que em Paris. Mas por aqui é difícil conseguir o bom velho cafezinho com leite. Ou você pede um 'machiatto', que é um espresso bem curto com espuma de leite, ou pede um 'latte', que só tem em dois tamanhos: um litro ou dois. Exageros à parte, são gigantescos - o 'pequeno' dá, sem muito esforço, quase duas da nossa xícara grande no Brasil. O 'grande', dá mais, brincando. Embora existam zilhões de lugares para se tomar café, além do tradicional English Breakfast (aquele com feijão, além de bacon, salsicha e tomates - tudo frito), não há a tradição de se comer o pãozinho francês com manteiga. É sempre croissant, pain au chocolat ou qualquer outra patisserie francesa. Somente hoje encontrei um lugar aqui ao lado do alojamento que tem mini baguetes - vocês não sabem o quanto foi prazeroso comer um pãozinho salgadinho, com manteiga, tostadinho, hummmm... com um latte pequeno.

Ih, acho que fugi demais do assunto. Bem, fiz o check-in no alojamento, que é um prédio bárbaro numa das regiões mais centrais de Londres, perto de tudo (inclusive da faculdade, claro) e que, comparado com o hotelzinho mequetrefe em que fiquei a duas quadras de distância quando cheguei a Londres antes de ir a Paris, parece um hotel cinco estrelas. Segurança 24 horas, o elevador do hall só funciona se for ativado pelo cartão magnético com o número do seu quarto (só no térreo isso é necessário, nos outros andares, não), e o ambiente é extremamente limpo e silencioso. O quarto é ótimo: estantes grandes, mesa de trabalho, muitas tomadas, internet cabeada de alta velocidade, muitas gavetas, um guarda roupa de bom tamanho, cama confortável (embora o travesseiro, para a minha coluna, seja horrivelmente baixo) e um banheiro que, embora pequeno, é limpo e funcional., Só ficou devendo na ducha, que é fraquinha e daquelas de mão, que precisam ser tiradas do suporte para lavar a cabeça. No suporte, só dá para lavar do pescoço para baixo.

Apesar de eu ter dito que não teria fotos neste post, aqui vão as fotos do quarto:

A porta do quarto e, à direita de quem entra, o guarda-roupa e a estante.

O banheiro

A continuação da estante, com a mesa de estudo

A cama (olha que travesseiro mixuruca)

A vista da minha janela

Mais uma

Hoje, depois de alguns dias, tive que encarar a lavagem da roupa, já que desde Paris nada havia sido lavado ainda e eu estava ficando perigosamente sem ter o que vestir. Como choveu a tarde toda e fez frio, achei por bem cuidar dos afazeres domésticos. A lavanderia fica no subsolo e tem várias máquinas gigantescas, que funcionam com moedas de 1 libra (custa duas para uma lavagem). Também tem as secadoras, cujo uso é bem mais em conta (20 pence - o equivalente aos centavos da libra), mas depois descobri porque: apesar de terem várias possibilidades de secagem, elas completam um ciclo em quinze minutos. Dependendo da quantidade de roupas (no meu, bastante), elas não secam direito. No fim, foram 60 pence de secagem.

Lavadoras e...

secadoras (na parte de cima)

Depois de lavar e secar, hora de passar. Para isso, existem duas copas em cada andar, onde co-existem: dois mini refrigeradores, um microondas, uma pia, uma tábua de passar como forro de alumínio, e um ferro a vapor que, detalhe, é ligado diretamente à rede elétrica. Para ligar basta apertar um botão onde estaria a tomada para liberar a corrente para o aparelho. Só que a copa é minúscula!!! Faz um calor de matar e, quando terminei de passar seis camisas e cinco camisas-pólo eu estava em bicas...

A tábua, o ferro e... as roupas.

A área da pia.

Eu queria falar sobre o curso, mas já estou caindo de sono (já são 23h aqui). Amanhã preciso acordar cedo para ler as notas para a palestra do dia e me preparar para as aulas.

Mais depois.

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