24 de jan. de 2010

Em um lugar chamado Sampa

(da série de textos perdidos)

É só um quarto. Uma janela constantemente fechada, por causa do frio. É pena que, mesmo fechada a janela, o quarto consiga ser mais frio que o tempo lá fora.

Não há papos; não há sapos; não há grilos; não há pássaros, nem árvores, nem nada!

Minha planta está morta (acho), perdida num pote de manteiga com um pouco de terra.

Sinto frio nas mãos e nos pés. Sinto dores na coluna. O monstro quase me mata. Com ele a solidão aumenta.

Tem um relógio numa cadeira em frente a mim. Tem um saco de supermercado, com lixo, na minha cabeceira. Tem um rádio nos pés da minha cama.
                   Toca qualquer coisa.
                   Qualquer coisa me toca
                   Pra dentro da toca.
                   Qualquer coisa me sufoca
                   Qualquer coisa chamada solidão.

Blusas, livros, chaves, papel, bolsa, pasta, tudo na cadeira de cabeceira. Eu posso dizer que sou muito original. Estou certo de que poucas pessoas resolveram optar pela cadeira de cabeceira ao invés da mesa de mesmo nome.

Divagações, afluxo de idéias confusas, sem definições.
Desculpe.
Tenho muitas saudades. Te gosto muito. Quero um beijo em Glauci, um beijo em Bruna e um grande beijo em você.
Acredito muito que sou feliz.
Nunca deixe de amar. Um dia estou aí.
"Maria fumaça não canta mais..."

(15/05/1984)
Deveria ser uma carta para uma amiga. Eu estava em São Paulo, fazendo curso no SENAI. Sentia saudades de meus amigos no Rio de Janeiro. Dividia apartamento com mais quatro pessoas do trabalho. Só havia um deles com quem eu me dava relativamente bem. Mas não tinha nada em comum com nenhum deles. O que, de certa maneira, foi bom, pois fiz muitas coisas sozinho, conquistei novos amigos e descobri que São Paulo podia ser bem mais interessante que minha saudade de casa me deixava ver.

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