11 de jul. de 2012

Imagens de homens sarados perturbam os garotos


Traduzido do site Teaching Tolerance (texto original em inglês)

Minhas alunas do oitavo ano gritavam ao ver as fotos de um astro de cinema sem camisa em uma revista. "Uau! Olha o tanquinho desse aqui!"

"Só", respondeu outra garota. "E olha essa foto do Taylor Lautner. De rosto ele não é lá essas coisas, mas quem liga! Olha esse músculos!"

Esse é um diálogo típico na minha sala de aula durante o almoço ou antes das aulas da manhã. Lembro que, quando eu era adolescente, ficava folheando revistas de moda e de celebridades, olhando as modelos femininas com pernas longilíneas, pele luminosa e cabelos perfeitos. Elas representavam o que eu deveria ser. Sabendo o quão distante eu estava de me parecer com elas definitivamente me fazia me sentir feia. Mas as revistas também me diziam que tipo de cara eu tinha que achar atraente. Aparentemente não houve muita mudança na cultura adolescente popular.

Quando as garotas conversam desse jeito, os meninos na minha sala ficam muito quietos. Alguns olham para o chão ou para outro lado. Nenhum deles, que eu saiba, tem "tanquinho" ou músculos bombados. Às vezes ouço-os comparando tamanhos de músculos, dando duro para provar que seus bíceps são os maiores e eles tiram sarro uns dos outros por serem muito baixos ou muito magros.

Só recentemente me dei conta do quanto os meninos se preocupam com essas coisas. Será que a expectativa cultural de que eles se tornem "homens fortes, masculinos" os faz sentirem-se inferiores, pouco atraentes e sem valor? Até eu me tornar professora, o que me propiciou ouvir as conversas confidenciais entre garotos adolescentes, eu achava que só as garotas se sentiam inferiores às pessoas lindas que elas viam nas revistas e nos filmes.

Por séculos as sociedades projetaram expectativas físicas específicas tanto sobre homens quanto sobre mulheres. Existe um padrão duplo na discussão da imagem corporal e dotes musculares nas escolas. Seria totalmente inapropriado discutir as partes do corpo feminino de forma similar. Se meus alunos trouxessem um catálogo da Victoria`s Secret para a escola e começassem a fazer comentários em voz alta sobre as modelos, as garotas os repreenderiam.

Mostrei essa dicotomia aos meus alunos, mas as garotas insistiam que isso era diferente. Quando eu pressionei-as para que dessem uma explicação elas foram incapazes de fornecer uma. Elas alegavam que esse tipo de conversa é inofensivo. Mas vendo como os comentários delas afetavan os garotos eu não estava tão certa disso. Além disso, esse tipo de comentário faz com que minhas alunas pareçam vazias; isso passa a mensagem de que o que uma garota quer em um parceiro não é inteligência, gentileza e senso de humor, mas um corpo bem esculpido.

Isso acaba se reduzindo ao fato de que qualquer tipo de objetificação pode ser danosa e negar aquilo que torna uma pessoa um indivíduo. Assim, pedi para que não se falasse mais de tanquinhos na minha sala. Embora tenham protestado um pouco no início, as garotas respeitaram o argumento por trás do meu pedido. Elas entenderam que é doloroso ser julgado exclusivamente pelo visual. Eu quero promover um ambiente em que garotos possam se sentir confiantes, valorizados e importantes - independentemente do tônus muscular.

Anderson é professora do ensino médio e de estudos interdisciplinares no Oregon.

2 comentários:

  1. Off topic
    Boa recuperação, Flávio, li no blogue da Lola sobre o "ocorrido".
    Boas energias pra vc!
    Grande abraço,
    Thata
    (não dá pra logar exatamente agora)

    ResponderExcluir
  2. Obrigado, Thata.
    Valeu pela força.
    Abraços!

    ResponderExcluir