Traduzido do site Teaching Tolerance (texto original em inglês)
Minhas alunas do oitavo
ano gritavam ao ver as fotos de um astro de cinema sem camisa em uma
revista. "Uau! Olha o tanquinho desse aqui!"
"Só",
respondeu outra garota. "E olha essa foto do Taylor Lautner. De
rosto ele não é lá essas coisas, mas quem liga! Olha esse
músculos!"
Esse é um diálogo
típico na minha sala de aula durante o almoço ou antes das aulas da
manhã. Lembro que, quando eu era adolescente, ficava folheando
revistas de moda e de celebridades, olhando as modelos femininas com
pernas longilíneas, pele luminosa e cabelos perfeitos. Elas
representavam o que eu deveria ser. Sabendo o quão distante eu
estava de me parecer com elas definitivamente me fazia me sentir
feia. Mas as revistas também me diziam que tipo de cara eu tinha que
achar atraente. Aparentemente não houve muita mudança na cultura
adolescente popular.
Quando as garotas
conversam desse jeito, os meninos na minha sala ficam muito quietos.
Alguns olham para o chão ou para outro lado. Nenhum deles, que eu
saiba, tem "tanquinho" ou músculos bombados. Às vezes
ouço-os comparando tamanhos de músculos, dando duro para provar que
seus bíceps são os maiores e eles tiram sarro uns dos outros por
serem muito baixos ou muito magros.
Só recentemente me dei
conta do quanto os meninos se preocupam com essas coisas. Será que a
expectativa cultural de que eles se tornem "homens fortes,
masculinos" os faz sentirem-se inferiores, pouco atraentes e sem
valor? Até eu me tornar professora, o que me propiciou ouvir as
conversas confidenciais entre garotos adolescentes, eu achava que só
as garotas se sentiam inferiores às pessoas lindas que elas viam nas
revistas e nos filmes.
Por séculos as
sociedades projetaram expectativas físicas específicas tanto sobre
homens quanto sobre mulheres. Existe um padrão duplo na discussão
da imagem corporal e dotes musculares nas escolas. Seria totalmente
inapropriado discutir as partes do corpo feminino de forma similar.
Se meus alunos trouxessem um catálogo da Victoria`s Secret para a
escola e começassem a fazer comentários em voz alta sobre as
modelos, as garotas os repreenderiam.
Mostrei essa dicotomia
aos meus alunos, mas as garotas insistiam que isso era diferente.
Quando eu pressionei-as para que dessem uma explicação elas foram
incapazes de fornecer uma. Elas alegavam que esse tipo de conversa é
inofensivo. Mas vendo como os comentários delas afetavan os garotos
eu não estava tão certa disso. Além disso, esse tipo de comentário
faz com que minhas alunas pareçam vazias; isso passa a mensagem de
que o que uma garota quer em um parceiro não é inteligência,
gentileza e senso de humor, mas um corpo bem esculpido.
Isso acaba se reduzindo
ao fato de que qualquer tipo de objetificação pode ser danosa e
negar aquilo que torna uma pessoa um indivíduo. Assim, pedi para que
não se falasse mais de tanquinhos na minha sala. Embora tenham
protestado um pouco no início, as garotas respeitaram o argumento
por trás do meu pedido. Elas entenderam que é doloroso ser julgado
exclusivamente pelo visual. Eu quero promover um ambiente em que
garotos possam se sentir confiantes, valorizados e importantes -
independentemente do tônus muscular.
Anderson é professora
do ensino médio e de estudos interdisciplinares no Oregon.
Off topic
ResponderExcluirBoa recuperação, Flávio, li no blogue da Lola sobre o "ocorrido".
Boas energias pra vc!
Grande abraço,
Thata
(não dá pra logar exatamente agora)
Obrigado, Thata.
ResponderExcluirValeu pela força.
Abraços!