15 de ago. de 2010

Diário de Viagem - Londres, sábado

Longo dia. Com chuva e frio. Mas o tempo por aqui tem humores... às vezes está bom, às vezes está ruim. Peguei bastante chuva, mas também enfrentei alguns momentos de calor. Depois de ter enrolado um pouco, saí com destino a Covent Garden. Queria experimentar o tal do cookie do Ben`s Cookies, que o Uéliton havia me indicado. A loja fica no antigo mercado de Covent Garden, que virou um "point" de turistas na cidade, com feirinha de artesanato, restaurantes descolados e lojas bacanas, de roupas e de artigos diversos, como chá, sabão (a Lush - que já existiu em São Paulo - com seu cheiro característico e a L'Occitane têm lojas aqui). A região do mercado é também onde existe a maior Apple Store do mundo, com dois (ou três? não lembro) andares, área de personalização dos equipamentos - você já sai com o computador, por exemplo, configurado do seu jeito, com a ajuda do pessoal da Apple. Mas só descobri isso depois de ter lido uma matéria numa revista. Ou seja, não fotografei a maior Apple Store do mundo - até porque não tenho dinheiro para gastar com gadgets bonitos e caros que, uma vez quebrados (e eles quebram com certa facilidade) não têm conserto. Muito "ishperto" esse cara da Apple.

Bem, os cookies do Ben são bons, mas prefiro os meus. Pedi um de laranja, que era gostoso, mas doce pra c.... e que não dava para segurar, porque o troço era uma geléia quente. O de chocolate tava um pouquinho mais frio e deu para segurar, embora a mordida tivesse que ter sido rápida sob risco de ter metade do biscoito atraída ao chão devido à força da gravidade e sua ausência de firmeza... E também era doce de doer na alma.

Covent Garden - o antigo mercado

O Apple Market, no centro do prédio

Os fundos da Igreja de São Paulo (não
confundir com a Catedral)

Os cookies do Ben

A indicação da fundação da igreja (1633)

Os jadins da igreja

Há uma coisa interessante sobre a Igreja de São Paulo em Covent Garden: os atores foram grandes colaboradores da igreja e dentro dela estão placas com os  nomes de vários deles. Inclusive de Bernard Shaw.



Os jardins são bem cuidados e tranquilos, apesar do barulho que ocorre ao lado, na Piazza de Covent Garden. Os bancos são doações de famílias cujos parentes mortos eram frequentadores da igreja.






Na entrada há um quadro de avisos em cada lado do corredor, um com boas-vindas escrito em vários idiomas, e outro com uma recomendação que achei muito bonita.

Caminhe silenciosamente,
Converse discretamente,
Reflita profundamente,
Ore fervorosamente

Até em português - em segundo lugar.

O altar - a igreja é simples, como, me parece,
são as igrejas anglicanas.

Hora de ir passear e eu deixo Covent Garden, de ônibus, para ir à National Gallery. Poderia ter andando, mas queria poupar as pernas. No caminho, passo pela bonita estação ferroviária de Charing Cross.

Charing Cross Station

Chego em Trafalgar Square, onde ficam a Igreja de St. Martin in the Fields e a National Gallery. A igreja, que finalmente vi por inteiro (em 2008 ela estava em reformas e cercada de tapumes) tem a austeridade das igrejas anglicanas. Mas, mesmo na simplicidade, é bonita. E dá para imaginar porque os concertos dados aqui são tão famosos: além do óbvio talento de quem se apresenta, tem a acústica, que é ótima. E o órgão é muito bonito e impressionante.

Os fundos de St. Martin in the Fields

E a frente.

O órgão

O altar

E tem Trafalgar Square. Para variar, cheia de turistas. Mas o lugar tem uma energia bacana.

Trafalgar Square vista das escadas da 
National Gallery. Ao fundo o Big Ben.

A National Gallery

Foi muito bom poder, finalmente, ver The Hay Wein, o mais famoso quadro de John Constable, de perto. E, junto com ele, outras obras importantes dos mestres ingleses, como Turner (de quem voltarei a falar daqui a pouco), Sir Joshua Reynolds (que foi o primeiro presidente da Royal Academy of Arts), Thomas Gainsborough, entre outros. Mas não é só isso. Uma das coisas mais interessantes é que para se chegar às salas de arte britânica, é preciso passar por salas que contêm Seurat, Monet, Manet, Cézanne, Ingres e um dos quadros mais luminosos que Van Gogh já pintou: Um campo de trigo, com ciprestes. O quadro é maravilhoso, mas difícil de ser apreciado, pois uma horda de turistas não deixa muito espaço para a contemplação. Para quem não conhece o quadro, clique aqui. Fiz a visita com um áudio-guia. A menina que me vendeu a visita guiada é brasileira, de Bento Gonçalves... está há dois anos morando em Londres. Fiquei com uma pontinha de inveja. 

Dali peguei o ônibus para a Tate Britain. A Tate é um lugar ao qual não me cansarei nunca de retornar. Mesmo com o movimento de turistas, é mais tranquila do que a National Gallery. Dois anos atrás, das 10 salas dedicadas à obra de Turner, sete estavam fechadas. Destas vez tive um pouco mais de sorte. A exposição era sobre os "Românticos" ingleses, salientando as obras de Turner e de seu contemporâneos, como Constable. Há algo com os quadros de Turner (isso acontece com os de Constable, mas em menor intensidade) que me faz ter vontade de olhar para eles até que seja impossível apagar suas imagens da minha memória. Na National, mais cedo, estava bastante desconfortável aproveitar a coleção por causa do número muito grande de pessoas, por sinal bem barulhentas. Mas quando eu ficava de frente para os quadros de Turner ou de Constable todo o ruído se dissipava e parecia que éramos só eu e o quadro, tamanho o encantamento que eles me causavam.

Tate Britain, em Millbank.

Na saída, o tempo ainda estava brusco, com lampejos de sol aqui e ali. Nesse ponto a margem do Tâmisa é bem tranquila (só tem uma linha de ônibus que passa por aqui nos fins de semana). Tirei algumas fotos a partir da margem e do pier de Millbank.

Vista do Tâmisa em frente à Tate.

A Lambeth Bridge vista do Pier de Millbank

A ponte de Vauxhaul, a partir do Pier de Millbank

Há um serviço de barco chamado Tate-to-Tate que liga a Tate Britain à Tate Modern, na outra margem do rio, perto da Tower Bridge. Mas são poucos os horários. O próximo seria às 16:20 umas 15:00. Achei melhor pegar o ônibus até o pier de Westminster. Infelizmente o último barco para ver a barragem do Tâmisa (um sistema de comportas que se fecha em caso de necessidade, para evitar enchentes) sai às 14:00. Vou ter que fazer esse passeio outro dia.

London Eye, vista do pier de Westminster

O Big Ben, visto do Victoria Embankment
no Pier de Westminster

Ao lado da London Eye fica o London Aquarium,
esse prédio majestoso

Como estava já meio cansado, mas queria muito ir até a Royal Watercolour Society, peguei o barco para ir até St. Katherine's Pier - pensava em atravessar para o Southbank pela Tower Bridge. Mas aí começou chover forte e eu decidi descer no Bankside Pier, mesmo. Fica ao lado do Globe Theatre, perto da Tate Modern. É a reconstrução do teatro onde Shakespeare apresentou suas peças. O teatro original ficava a alguns metros de distâncias dali.


Vista a partir do barco, em direção à Tower Bridge

O Royal Festival Hall

A "Agulha de Cleópatra", que estava no Egito mas,
sabe como é... os ingleses, suas expedições...

Vista do rio, a margem norte. À esquerda está
a cúpula da Catedral de São Paulo; mais à direita,
em forma de ogiva, The Gherkin (O Pepino).
É a sede de uma seguradora suíça.

À direita, a OXO Tower, com lojas no térreo e um
restaurante panorâmico no último (oitavo) andar.

Mais perto.

Blackfriers Bridge, a mais bonita de Londres
em minha humilde opinião...

A Tate Modern

Millenium Bridge, a primeira exclusivamente
para pedestres.

Adoro esta foto. Passando por baixo da
Millenium Bridge, com St Paul`s no fundo.

The Globe Theatre

O anexo

O céu...

mais um pouco...

A Tower Bridge está lá no fundo, vista da
Millenium Bridge

Com zoom

St Paul vista da Millenium Bridge

Um pouco mais perto

Vista oposta à da cúpula

A douradíssima estátua de São Paulo

Não consegui entrar na St Paul. Estava fechada. Não sei se era o horário. Mas andei um pouco pelos jardins e descobri, numa das praças externas uma escultura chamada "Os Jovens Amantes" de Georg Ehrlich. Não sei nada sobre o artista, mas a escultura é linda.


The Young Lovers

Saí de St. Paul's de ônibus e, dessa vez, era um double-decked, ou seja, de dois andares. Sentei na parte de cima, no primeiro banco. É muito agradável andar nesses ônibus. A visão é muito privilegiada.

Vista do andar de cima, assentos da frente, do ônibus,
ainda em frente à St Paul's.


Holborn Circus

Um pub do século XVII

Depois de ter visto coisas de encher os olhos e a alma, precisava de um pouco de distração. Fui ao cinema. Mais precisamente ao Apollo de Picadilly Circus. Assisti uma bobagem (não vou dizer que filme foi, porque me arrependi de ter comprado o ingresso). O cinema é moderno, mas tem um visual interno bastante... brega. Escadas com neon lilás, uma coisa quase boate. Bilheteria informatizada, descontos para estudante (ainda bem que tenho a carteirinha da UCL), assentos numerados (acho que todos os cinemas de Londres são assim atualmente) e... atendente brasileira; de São Paulo. Muito simpática.

Na saída do filme, volto andando para casa. Passo pela Shaftesbury Avenue, a avenida dos teatros. É sábado à noite e as ruas estão cheias. Muita gente na noite (agora) agradável - o frio da tarde cedeu, a chuva parou e as pessoas puderam curtir a rua.

Picadilly Circus, na saída do cinema

Lembrei-me da Lucy... um musical
com músicas de MJ e dos Jackson 5

Hair e Les Miserables

Mamma Mia!

E assim terminou meu primeiro sábado londrino. Acordei neste domingo às 11 da manhã, porque fiquei até quase duas escrevendo metade deste post. Saí para almoçar, fui ao cinema de novo (para assistir The Last Airbender, de Shyamalan, baseado em um desenho da Nick), passei na Le Pain Quotidien, comprei algumas coisas e vim para casa estudar.

Consegui trocar o meu período de hospedagem em um bed & breakfast em South Ealing para depois de minha volta de Dublin e resolvi estudar. Mas aí vi que não tinha terminado este post... pois agora ele está pronto.

Novidades durante a semana.

4 comentários:

  1. Ai Flá!!!
    Que sonho de férias as suas, hein? Estou muuito feliz por você!!! Aproveite mesmo pois vc merece!!!
    Muuuito obrigada pela fotinho especial do Thriller Live!!! Confesso que eu senti uma pontinha de inveja de não estar aí tb e poder ver de pertinho esse musical...
    Saudade!!
    Beijo grande!

    ResponderExcluir
  2. Ahhh esqueci de dizer que estou amando acompanhar os seus posts sempre com um olhar detalhista e romântico sobre tudo que vivencia!
    Parabéns pela realização, sim porque essa é a melhor definição para férias tão fascinantes e ricas! Obrigada por dividir essa experiência!!!
    Beijoooooo!!!

    ResponderExcluir
  3. Oi Flávio, estamos acompanhando seu passeio quase que diariamente, estamos adorando. Escreva sempre. Sandra e Patrícia.

    ResponderExcluir
  4. Amigo Flávio...
    Você está se superando nas fotos... Cada ângulo de tirar o fôlego! Parabéns! Você está com o olhar cada vez melhor! Também estou acompanhando esse seu passeio e também estou extremamente grata por você compartilhar esta experiência, comigo, conosco, com todos nós!!! Lindas as fotos, maravilhosas as postagens e estonteantes as suas observações!! Ai que orgulho ter um amigo tão culto assim com quem posso aprender mais e mais!!! hehehehehe E ai que inveja branca de você... mas voltaremos, voltaremos... hehehehehe ;) bjs mil

    ResponderExcluir