12 de mai. de 2009

Sandrinha, Sandrix

Sandrinha, Sandrix
Quando nos reencontramos pela primeira vez, muitos anos atrás, ela ouviu minha voz e eu a sua.
Nos reconhecemos. Estava claro: amigos desde sempre, como poucos outros o são. Naquele tempo ela não escrevia, mas lia, bastante. Cantava muito, tocava violão e ouvíamos, horas sem fim, os discos de que tanto gostávamos. Ela os tinha, eu os usufruia. E assim passávamos as horas, conversando sobre tudo e ouvindo música. MPB, só MPB (éramos radicais). Só Elis, Tom, Gal, Bethania, Chico, Caetano, um pouco de Djavan... aprendemos muitas músicas nessa época. Eu escrevia, lia para ela e ela ouvia. Ainda jovem e, como eu, ainda não burilada no gosto, gostava do que ouvia.

Agora, Sadrinha, Sandrix, cresceu. Não por fora, que ela continua pequena, mas por dentro. Virou uma gente de coração assim maior do que o peito, às vezes acho até que maior do que a vida. Inteligente, sagaz, de olhos apertados quando lê, de voz pequena mas doce que quando canta (perdoem a rima pobre) me encanta. Ela me surpreende quase sempre - coisa que muita gente não consegue mais. Ela o faz, e sempre desse jeito bom, desse jeito amigo que quando desata o nó do peito mostra uma luz sempre variada, que lava e limpa a tristeza do rosto da gente.

Sandrinha, Sandrix, cresceu. E escreve. "Que nem gente grande" (risos). Este é o poema que ela escreveu a propósito... bem, vocês verão:

A Garrafa Pet
08/05/2009

No sinal fechando
Desacelerei meu bom carro
Meu som alto
Meu bom mundo

No sinal fechado
Ele vinha contente
Sorrindo bem distante
No mundo bom dele

O menino contagiou-me
Sorri junto e fiquei feliz
Debaixo da linha do metrô
No bairro de Santana

Um menino de farol
E seu carro imaginário
Num instante inesperado
Dei-me conta do que via

Ele mesmo não sabia
Que o brinquedo em que ele estava
Não passava de uma rasa e
Bem amassada garrafa pet

Sem roda
Sem banco
Sem som
E sem direção

Seu sonho o conduzia
Nesta triste alegria
E o menino continuou
No seu carro bom

by Sandra Regina Rosado

Ela (ainda) não sabe que eu pus esse poema aqui. Espero que quando descobrir, não se zangue. É que ela é tímida com seus textos. Mas se ela quiser, tiro. Só não tiro minha declaração de amor, porque isso é meu e meu.

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